Como confiar em Jesus? (vídeo)

Há algum tempo eu recebi uma pergunta de um seguidor sobre como colocar a confiança em Jesus. Como fiquei alguns meses sem fazer vídeo ou mesmo qualquer tipo de conteúdo, essa pergunta ficou sem uma resposta durante todo esse período. Mas, com meu retorno à produção de conteúdo, decidi responder essa pergunta em um vídeo que postei lá no YouTube.

O conteúdo do vídeo não reflete o principal objetivo que eu tenho com o meu canal. No entanto, como eu afirmei em um vídeo no ano passado, eu vejo que ter abertura para perguntar coisas sobre a fé cristã é uma das tarefas principais que deveríamos buscar como igreja. Por isso, eu tenho uma ”playlist” chamada ’Pergunte ao Cristão’ lá no YouTube, onde eu respondi algumas perguntas que tenho recebido desde o início do meu canal.

“Como confiar em Jesus?” Talvez essa seja uma pergunta pouco feita por cristãos. No entanto, eu noto que não são poucos os cristãos que enfrentam dificuldades em confiar em Jesus como fonte de tudo o que é necessário para o corpo e para a alma nos dias atuais. Há tantas alternativas que frequentemente parecem mais lógicas ou confiáveis do que confiar em Jesus. Se você ainda não conferiu o vídeo e tiver interesse, clica aqui embaixo e assista:

“Como confiar em Jesus?” no canal Cristão na Mídia do YouTube.

Seja dinheiro ou nós mesmos, Jesus parece não ser a nossa primeira opção na hora de confiar em alguém ou em algo para nos socorrer ou nos ajudar. E, em um piscar de olhos, nos encontramos distantes daquele que nos criou, nos redimiu, e nos promete tudo o que é necessário para a vida tanto aqui nesse mundo quanto no mundo que está por vir.

Diante dessa realidade, somos convidados a confiar em nosso Senhor e Salvador ao invés de qualquer pessoa ou coisa ao nosso redor. Para isso, eu acredito que é necessário deixar de confiar em nós mesmos e gradativamente reconhecer que a única pessoa que podemos confiar é Jesus. E, conforme confiamos menos em nós mesmos, mais confiaremos em Jesus Cristo.

Lembre-se das palavras de Davi no Salmo 23. Ali, Davi afirma que ”O Senhor é o meu Pastor; nada me faltará.” Essa confiança demonstrada por Davi também é oferecida a cada um de nós, criaturas de Deus. O Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo te criou, te redimiu, e ele promete prover TUDO o que é necessário para a sua vida. Ele é o seu Pastor, e ele não deixará que nada te falte. Confie nele, e o mais ele fará!

Insetos são a comida do futuro?

Chegou o momento de mudar a nossa alimentação. A comida do futuro será baseada não em carnes ou em plantas, mas sim em insetos.

Esse é o argumento feito pelo jornalista Richard Godwin em seu artigo publicado no influente jornal The Guardian. Conforme Godwin, o consumo de insetos salvará o planeta da atual crise ecológica que enfrentamos.

Muitos especialistas reconhecem que não podemos continuar com os hábitos alimentares que temos atualmente como sociedade. Por um lado, a alimentação centrada em carnes e produtos animais gera um impacto muito grande no meio ambiente. Gás carbônico e gás metano são responsáveis por grande parte do aquecimento global, e a produção de alimentos de origem animal é responsável por grande parte da emissão desses gases nocivos ao planeta e a todos os seres que vivem nele.

Por outro lado, nossa sociedade cada vez mais consome alimentos que são muito processados ao ponto de deixar de serem aquilo que eles eram. Esse processo faz com que os alimentos se tornem nocivos para a nossa saúde, o que reflete em grandes taxas de obesidade, diabetes, doenças cardíacas, entre muitas outras que são causadas pelos hábitos alimentares da população atual.

O que especialistas não estão de acordo diz respeito à alternativa que deve ser adotada diante de tal situação. Muitos falam de adotar uma dieta mediterrânea, a qual se baseia em consumo de peixe. Outros defendem que deve ser cortado todo consumo de produtos animais. Outros ainda afirmam que a solução é apenas diminuir o consumo dos alimentos que já consumimos, substituindo produtos super processados por alimentos orgânicos e minimamente processados.

Mas, qual é a solução?

Eu não quero nem mesmo fingir que eu posso oferecer uma resposta para essa pergunta. Mas, quero comentar sobre a mais nova solução proposta para o dilema alimentar que vivemos atualmente: insetos.

Há alguns anos eu ouvi alguém falando que estávamos nos aproximando do momento em que seria inviável continuar a produção de carnes como estas são produzidas atualmente. Quando isso chegasse, precisaríamos achar uma nova fonte de proteína, afirmou o artigo que relatava a situação. E, a melhor alternativa, seria adotar o consumo de gafanhotos como “a proteína” das nossas refeições.

Eu lembro da minha reação ao ouvir isso. “Mas que baboseira é essa?” — pensei comigo mesmo. Por respeito à pessoa que havia comentado isso, não disse nada. No entanto, me lembro de pensar: “Será que gafanhotos seriam a única ou melhor fonte de ‘proteína’ para a nossa alimentação caso não houvesse mais carne bovina/suína/etc. para consumirmos?”

Embora eu tenha ficado abismado na época, lembro de pensar comigo mesmo: “Isso só pode ser um surto coletivo. As pessoas nunca considerariam isso. É um absurdo escrito para chamar atenção de pessoas para o site que publicou o artigo.”

Infelizmente, eu estava errado.

The Guardian: insetos vão salvar o planeta

O artigo do The Guardian afirma que “se nós quisermos salvar o planeta, a comida do futuro é ‘insetos’.” De acordo com Godwin, a produção insetos teria um impacto muito menor no planeta. A emissão de gases poluentes seria absurdamente menor, e ainda ganharíamos a “proteína que precisamos” como seres humanos.

Esse futuro seria bom não somente para o planeta, nem apenas para nós seres humanos, mas também (aparentemente) para os insetos. Isso porque a produção em massa desses insetos proporcionaria uma “vida feliz” para os insetos, uma vez que eles gostam de viver juntamente com outros milhares de insetos. Ou seja, se você ama os animais, consumir insetos é a sua opção alimentícia!

O que me revolta é a referência de comparação usada para afirmar isso. Todos nós sabemos dos maus-tratos e abusos feitos aos animais sendo criados para abate hoje em dia. Porcos são criados em uma jaula que não permite que eles nem mesmo se mexam, se virem, andem, cocem a sua pata, ou nenhuma das coisas normais e naturais que um porco faria se não fosse visto apenas como um recurso ou matéria prima para o mercado da carne.

O mesmo é verdade para a produção de frangos e gado. Esses animais são forçados a viver em ambientes apertados juntamente com outras centenas de animais, o que torna o ambiente não saudável para eles, e totalmente infeliz. Já é comprovado que esses animais sofrem com depressão antes de serem abatidos para chegar na mesa do consumidor.

Em outras palavras, os insetos são perfeitos para o método de produção injusto, cruel, e desumano que temos atualmente. Se queremos continuar produzindo muito a qualquer custa, insetos são o futuro. Podemos colocar todos eles em espaços inadequados para uma vida saudável e eles ainda assim “serão felizes.” Ou seja, diferentemente da produção de carnes bovina, suína, granja, etc. atual, a produção de insetos até mesmo dará uma ”consciência limpa e leve” para os produtores e consumidores — isso se esses consumidores ainda possuem uma consciência em relação aos animais criados nessas plantas de carne.

Claro, isso agrada até mesmo ambientalistas. Com a redução dos impactos no planeta, essa só pode ser a opção alimentícia do futuro.

Mas, será mesmo?

2 Problemas

Eu vejo dois problemas sobre essa possível “solução” para a questão alimentar que vivemos atualmente. Tenho aprendido muito com minha esposa, a qual está fazendo mestrado em teologia e trabalhando o tema “comida.” As reflexões espetaculares que ela tem compartilhado comigo me ajudam a apontar os problemas que seguem.

A “solução” oferecida por Godwin não é uma solução per se mas sim uma possibilidade de trocar um problema por outro. Da forma que eu vejo, um dos problemas atuais com a produção de alimentos é que a nossa sociedade reduziu alimentos a meros recursos.

Problema 1: Instrumentos para Capital Financeiro

Por um lado, alimentos são reduzidos a recursos que geram capital. Ou seja, o objetivo da produção de alimentos não é alimentar ou proporcionar comida mas sim gerar dinheiro. Empresas da área da alimentação raramente discutem se a qualidade do se produto é a melhor que podem oferecer mas sim quanto dinheiro o seu produto está gerando para a empresa. Comida não é mais comida, mas sim um instrumento de dinheiro. Se há uma forma de produzir algo da maneira mais barata que vai gerar mais dinheiro, essa é a forma ideal de produção.

O centro da industria da alimentação não é o alimento, mas sim o dinheiro. Logo, alimentos são reduzidos a recursos que geram dinheiro e não mais alimentos em si.

Problema 2: Recursos Nutricionais

Por outro lado, alimentos são reduzidos a recursos nutricionais. Carnes, por exemplo, são vistas como fonte de proteína e não um alimento que provém do animal. Da mesma forma, o leite da vaca não é mais visto como um alimento produzido pela vaca mas comumente vendido como “fonte de cálcio” ou “rico em vitamina D”, a qual é adicionada ao leite. Em resumo, alimentos são reduzidos a nutrientes, deixando de ser um alimento em si.

Isso é visto na produção de “insetos” apresentada pelo jornalista Godwin. Para ele e para a indústria de insetos, os insetos são reduzidos a recursos que geram dinheiro e nutrientes. Da mesma forma que vacas hoje em dia são máquinas de proteína, insetos estão prestes a se tornar máquinas de proteína e fibra, ao passo que irão gerar bilhões de dólares todos os anos.

ATENÇÃO GAFANHOTOS, GRILOS, LARVAS, E TODO TIPO DE INSETO:

fujam para as colinas!

O capitalismo está chegando até vocês!

Insetos são realmente a comida do futuro?

Eu não entendo. Será que estamos dispostos a comer insetos mas não a ter uma alimentação com base em plantas?

Godwin afirma que insetos reduzem a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa, que não consomem tanta água para sua produção, e que são uma alternativa para criar “proteína” não depressiva para os nossos pratos. Reconhecendo que isso é verdade, será que realmente precisamos comer insetos para termos o que comer e manter uma alimentação saudável?

Não, simplesmente não. Não precisamos comer insetos. Com todo respeito a quem come insetos, mas me dá ânsia de pensar nisso.

Mas, a razão porque não precisamos comer insetos é porque já temos algo sendo produzido que é MUITO melhor e mais natural que insetos.

Plantas. Sim, isso mesmo. Plantas! Plantas são o futuro, da mesma forma que elas já foram o passado e já são o meu presente!

Talvez você não saiba disso, mas Deus criou o ser humano para se alimentar de plantas. Adão e Eva se alimentavam de frutas e grãos. Garanto que não faltava “proteína” para eles.

Quanto à questão ecológica que enfrentamos atualmente, uma alimentação à base de plantas solucionaria todos os nossos problemas. De acordo com o próprio jornal The Guardian, se cortássemos o consumo de produtos animais nós poderíamos reduzir 75% da quantidade de terra usada para a produção de alimento e ainda produzir alimento suficiente para todo o mundo! Ou seja, a solução para a questão ecológica não é trocar carne por insetos, mas trocar carne e insetos por plantas!

Quanto à questão nutricional, o mito que uma alimentação à base de plantas não proporciona o que o nosso corpo precisa para sermos saudáveis já foi desmentido há muito tempo. Há vários artigos de jornais gigantes e universidades muito respeitadas que provam isso. Ou seja, se a questão for “de onde tiraremos nossa proteína?”, a resposta não é “insetos” mas sim plantas! Embora eu não acredito que essa deva ser a nossa postura em relação à nossa comida, se essa for a preocupação da sociedade, a resposta é clara que plantas são a resposta para nosso problema atual!

Ah, sei que isso deveria ser claro, mas vou dizer aqui só para não ficar dúvida. A produção de plantas permite que os animais estejam onde eles foram criados para estar: na natureza, soltos e vivendo de acordo com o plano e intenção de Deus. Se “produzir insetos” permite que vacas, porcos, frangos, cordeiros, etc. não vivam em uma situação deplorável, plantas permitem não somente que isso aconteça mas até mesmo que os insetos vivam da forma que Deus criou eles para viverem.

Por isso, a comida do futuro não são insetos, mas plantas.

O que fazer?

Se você está preocupado com o planeta e a crise ecológica, troque sua carne por plantas e não por insetos.

Se você está preocupado com o bem estar dos animais, troque a sua carne por plantas e não por insetos.

Se você está preocupado com sua saúde e com uma alimentação rica em nutrientes, troque a sua carne por plantas e não por insetos.

Plantas são a comida do futuro, da mesma forma que elas são a comida do presente e sempre foram a comida do passado, iniciando lá no Jardim do Éden.

E você, o que você prefere? Comer insetos ou plantas?

Créditos da foto: The Guardian, publicação.

Igreja na Internet?

A Igreja Cristã deve estar na internet? Embora muitas pessoas ainda têm receio quanto a essa ideia, cada vez mais crescem os motivos para a Igreja engajar nas mídias atuais. Esse texto trata de motivos pelo qual a Igreja Cristã deveria estar mais presente na internet, especialmente visando a missão de proclamar a mensagem de salvação a todas as nações. Bem como Jesus disse que a colheita é grande e os trabalhadores são poucos (Mateus 9.37), assim também o desafio de ser Igreja na internet é grande, mas as pessoas interessadas são poucas.

Durante a minha formação ministerial, tive a oportunidade de fazer um estágio de um ano na cidade de São Paulo. Naquela ocasião, me lembro de uma certa reflexão entre os pastores do Distrito Paulista a respeito da necessidade de mais congregações na cidade. “Uma cidade de 13 milhões de habitantes, e temos apenas 10 congregações. Precisaríamos de mais pessoas trabalhando aqui,” comentávamos na ocasião. De fato, há bairros que careciam de igrejas cristãs, e nos preocupávamos com essa necessidade.

De uma forma parecida, o mundo virtual atualmente apresenta dados desafiadores e impressionantes, os quais deveriam convidar a Igreja Cristã a refletir cada vez mais sobre a missão de levar a Palavra de Deus a todas as nações. Conforme uma palestra que ouvi semana passada, atualmente mais da metade da população mundial tem acesso à internet. Tal dado reflete em um aumento exponencial de pessoas se conectando a redes sociais. Em uma “cidade virtual” tão grande como essa, quanta missão nós estamos fazendo?

Considere o YouTube, por exemplo. Essa rede social possui mais de 2 milhões de pessoas com contas registradas, o que já é um número muito grande. No entanto, quando vemos o número de pessoas que acessam essa rede todos os meses, esse número é MUITO maior. Isso porque o YouTube possui uma média mensal de 2,5 BILHÕES de acessos. Você sabia disso?

Agora, imagina um lugar que recebe aproximadamente 2,5 bilhões de visitas de pessoas por mês. Será que a Igreja não deveria estar mais presente nesse lugar?

Isso não quer dizer que não há cristãos e teólogos cristãos no YouTube, ou mesmo em outras redes sociais. Fico feliz em ver que cada vez mais a Igreja está investindo em formas de estar presente nas mídias. No entanto, é o suficiente?

Eu acredito que ainda há muita coisa a ser feita por cristãos em meio ao mundo virtual que existe na internet. À luz desse desafio, eu comecei um canal no YouTube. Há algum tempo eu tinha vontade de fazer isso, mas nunca me senti confortável o suficiente para realmente fazer algo. A minha esposa me incentivava a fazer videos há algum tempo. Honestamente, nunca achei que algum dia eu realmente faria vídeos. Mas, essa semana me rendi à ideia, e estou animado.

Se você ainda não conferiu o canal ou viu o primeiro vídeo que postei lá, clica no vídeo abaixo para conferir o vídeo no YouTube.

Primeiro vídeo do meu canal no YouTube, “Cristão na Mídia.”

A ideia do canal é simples: refletir sobre assuntos e temas atuais a partir de uma perspectiva cristã.

Bem como Jesus disse que a colheita é grande e os trabalhadores são poucos (Mateus 9.37), assim também o desafio de ser Igreja na internet é grande, mas as pessoas interessadas são poucas. No entanto, cada vez mais eu vejo cristãos—especialmente teólogos cristãos—se interessando nesse desafio de estar presente nas mídias. Estou confiante que coisas boas estão por vir.

Infelizmente, ser cristão e estar na mídia não quer dizer que todo o conteúdo oferecido por cristãos é “cristão”. Há muito erro que precisa ser evitado, e uma postura muitas vezes problemática nas mídias da parte de cristãos. Assim, o que pode ser uma benção pode se tornar um “tiro no próprio pé”, como dizia um professor meu.

Se Deus assim quiser, eu serei uma voz cristã na mídia que refletirá minha fé em Cristo, e ajudará outros a ver a obra dele para a salvação do mundo.

Claro, eu continuarei postando textos aqui no blog. Para todo vídeo que eu postar no YouTube, postarei também um texto aqui para falar sobre o assunto que eu abordei no vídeo.

Fica o meu convite para você acompanhar o canal no YouTube, bem como os textos que postarei aqui!

Posicionamento da BCC sobre George Floyd

Nota: Este texto foi originalmente publicado pela Black Clergy Caucus (BCC) da LCMS (Igreja Luterana—Sínodo de Missouri) no Facebook. O mesmo foi traduzido e publicado aqui com a autorização da BCC.

“Nós temos andado sobre um caminho que tem sido regado com lágrimas;
Nós temos andado fazendo nosso caminho através do sangue dos que foram abatidos.”
James Weldon Johnson, “Lift Every Voice and Sing”

“Estou cansado, ó Deus; estou cansado, ó Deus, e exausto.”
Provérbios 30.1

“…para que eu saiba dizer boa palavra ao cansado.”
Isaías 50.1

O ano era 1967. Há poucos anos atrás, a última universidade e seminário historicamente Preto restante que era dedicado ao treinamento de pastores Luteranos Pretos era fechado pelo Sínodo. A nação estava em agitação. A injustiça racial estava sendo protestada em uma nação que desde muito tempo tinha negado a existência de tal injustiça. Homens e mulheres Pretos estavam sendo mortos por aqueles que haviam jurado protegê-los. Lynn Blanding. Carl Cooper. Aubrey Pollard. Fred Temple. Tensões raciais se tornaram manifestações em Detroit. Como o tempo testemunharia, pastores Luteranos Pretos sabiam que “Detroit não era um caso isolado,” portanto uma resposta isolada não seria o suficiente. Como o falecido Rev. Dr. Richard Dickinson, antigo Diretor Executivo do Ministério Preto, descreve, “Todas as cidades nesta nação… estavam fervendo com agitações, com o potencial de explodir em manifestações raciais a qualquer momento. Se tal crise chegasse em Chicago, Los Angeles, Milwaukee ou alguma outra cidade, onde nossas congregações pretas poderiam procurar por ajuda?” (This I Remember, 27). “Elas tinham absolutamente nenhuma confiança no escritório Distrital… nem mesmo para entender a natureza e o tamanho da crise, e absolutamente nenhum compromisso de tentar resolver ele.” Havia uma falta de representação. Não havia nenhum Luterano Preto no Conselho Administrativo do Sínodo. Os Conselhos de Regentes dos Seminários não tinham pastores Pretos. Até aquele dia, nenhum Preto havia sido Presidente do Sínodo ou Presidente Distrital. “Não havia uma pessoa preta em posições de influência na administração Distrital ou Sinodal. Detroit estava pegando fogo, e o ministério preto naquela cidade não tinha nenhum lugar para procurar alguém com autoridade que poderia entender e trazer esperança e conforto.” (This I Remember, 28).

Avançamos rapidamente 53 anos depois da formação do Black Clergy Caucus (Grupo de Pastores Pretos) da Igreja Luterana.

O ano é 2020. Há poucos anos atrás, a última Faculdade e Universidade Historicamente Preta restante que era dedicada ao treinamento de professores Luteranos Pretos foi fechada pelo Sínodo. A nação está em agitação. A injustiça racial está sendo protestada em uma nação que desde muito tempo tem negado a existência de tal injustiça. Homens e mulheres Pretos estão sendo mortos por aqueles que haviam jurado protegê-los. Breonna Taylor. George Floyd. Ahmaud Arbery. David McAtee. Tensões raciais se tornaram manifestações em Minneapolis. Pastores Luteranos Pretos sabiam que Minneapolis não seria um caso isolado, portanto uma resposta isolada não seria o suficiente. “Se tal crise chegasse em Chicago, Los Angeles, Milwaukee ou alguma outra cidade, onde nossas congregações pretas poderiam procurar por ajuda?” Podemos buscar ajuda no Distrito ou no Sínodo? Será que eles poderiam “entender a natureza e o tamanho da crise [e ter um] compromisso de tentar resolvê-lo?” Esta é a nossa autêntica esperança. No entanto, ainda não há Luteranos Pretos no Conselho Administrativo do Sínodo. Os Conselhos de Regentes dos Seminários não têm pastores Pretos. Até a presente data, ainda não houve um Preto que fosse Presidente do Sínodo ou Presidente Distrital. Parafraseando o Dr. Dickinson, quando nossas cidades estão pegando fogo, será que o ministério Preto tem algum lugar para buscar alguém com autoridade que poderá entender e trazer esperança e conforto?

Em meio às manifestações de 1967, o Rev. Dr. Martin Luther King, Jr. disse que “Uma manifestação é a linguagem dos que não são ouvidos. O que é que a América falhou em ouvir?” É o momento para o Black Clergy Caucus (Grupo de Pastores Pretos) falar novamente.

George Floyd era conhecido como uma “pessoa de paz” (Lucas 10.6) pelo seu pastor. Firmado em sua identidade baptismal, George levaria a fonte batismal para uma quadra de basquetebol localizada a algumas quadras da sua igreja Luterana Preta. Como o Eunuco Etíope que disse, “Olhe, aqui há água! O que impede que eu seja batizado?” George preparou o caminho para pastores locais pregarem o evangelho. Mais tarde George foi movido para Minneapolis por causa de um programa de trabalho da igreja. Ele era um fruto da igreja. Ele era também um homem Preto. O filho de um homem Preto. O pai de um homem Preto. Eu também sou o filho de um homem Preto. Quando eu tiver filhos, meu filho será Preto. Mas, será que a identidade batismal dele em Cristo será asfixiada pelo mundo por causa da cor da sua pele? Será ele mais uma estatística para um mundo que nem mesmo conhece o número de cabelos da sua cabeça? Para muitos, o pensamento é esmagador, nascido de séculos de racismo. Nas palavras de Fannie Lou Hamer, nós estamos “enojados e cansados de estar enojados e cansados.” Graças a Deus nós não estamos sozinhos em nosso sofrimento. Pois a primeira interação entre Deus e o homem foi quando Deus soprou a vida para dentro de Adão. A última interação (antes da ressurreição) foi quando o homem sufocou Jesus, tirando o último fôlego do Filho de Deus. Jesus morreu de asfixiação na cruz. “Jesus deu um forte grito e respirou pela última vez” (Marcos 15.37). Nós devemos aprender como o nosso pecado tirou o fôlego da vida de Jesus; então, nós devemos aprender a ver como o nosso pecado tirou o fôlego da vida de George.

Quando nós vemos vidas sendo tiradas, nós lembramos do Quinto Mandamento, o qual declara, “Não matarás.” No entanto, nós minimizamos a nossa responsabilidade. O Catecismo Maior de Lutero dá dois discernimentos importantes. Em primeiro lugar, nós não devemos usar a nossa língua para defender ou aconselhar dano a alguém.” Se nós defendermos a violência, em redes sociais ou de qualquer outra forma, então nós estaremos violando o mandamento. Em segundo lugar, nós teremos violado o mandamento “não apenas quando fazemos o mal, mas também quando temos a oportunidade de… previnir, proteger, e salvar [o nosso próximo] de sofrer danos ou ferimentos corporais, mas falhamos em fazê-lo.” Nós todos carregamos a responsabilidade neste momento, pois todos nós temos a capacidade de responder a este momento. “Se você ver alguém que está sendo condenado a morte ou em um perigo parecido e não salvar esta pessoa mesmo que você tenha meios e formas de salvá-la, você terá matado essa pessoa. O uso da desculpa que você não participou da morte dessas pessoas por meio de palavras e ações não irá ajudar você, porque você roubou dessas pessoas a bondade pela qual a vida deles poderia ser salva.” Se nós temos a oportunidade de previnir mais vidas de serem perdidas, nós temos que agarrar tal oportunidade.

Agora é o momento. Como um cristão, se você não ajudar a por um fim a um sistema de injustiça que tira a vida de irmãos e irmãs em Cristo como George Floyd mas ao invés disso “usa a desculpa que você não participou da morte deles por meio de palavras e ações,” então “você terá matado essas pessoas.” “Porque embora você não tenha de fato cometido todos estes crimes, ao que diz respeito a você, você todavia terá permitido que o seu próximo fosse debilitado e perecesse em sua desgraça. É como se eu visse alguém perecendo em águas profundas… e eu pudesse estender a minha mão para puxá-lo pra fora e salvá-lo, e eu não fizesse isso. Como eu poderia aparecer diante do mundo se não como um assassino…?” (Catecismo Maior, V, 189-190).

Isso não é um “pensamento radical preto.” Isso é o Catecismo Luterano do tempo da sua Confirmação, quando você afirmou os seus votos batismais, marcando você como alguém reivindicado por Deus—e não o mundo. Amigos e colegas têm entrado em contato comigo, perguntando como aqueles que estavam ao lado do rio e perguntaram a João Batista, “Então, o que nós devemos fazer?” (Lucas 3.10). Desde o nascimento até a hora da morte, nós somos chamados para defender a vida. A vida não é uma prova de múltipla escolha. Ela é tudo o que foi dito acima. Ou você afirma tudo—ou nada. “Lembre daqueles que estão na prisão, como se você estivesse na prisão com eles,” as Escrituras exortam, e “olhe para as vítimas de abuso como se o que tivesse acontecido com elas tivesse acontecido com você.” (Hebreus 13.3). Quando nós não procuramos acabar com a instituição do racismo, o pecado original desta nação, ou pior ainda negamos que o racismo exista, nós não apenas falhamos em reconhecer a humanidade dos nossos irmãos e irmãs em Cristo que são pretos e pardos, mas nós também falhamos em reconhecer o Deus que está neles, o Espírito de Deus que deu fôlego e vida para eles.

Nós não temos sido os mais hospitaleiros. Desde o fechamento da Concordia Selma, a última HBCU (Historically Black College and University), o Sínodo reduziu o orçamento do Ministério Preto e saiu da Black Ministry Family Convocation (Convocação Familiar do Ministério Preto)—um encontro trienal para estudar a palavra de Deus e celebrar a perseverança de Luteranos Pretos. Sem a HBCU para apoiar Luteranos Pretos, nenhum Luterano Preto entrou no seminário esse ano. Nós não precisamos do Sínodo nos oferecendo pensamentos e orações. Oração é uma disciplina espiritual essencial; as banalidades não são. St. João nos lembra que no amor não é suficiente dizer a coisa certa, nós também devemos fazer a coisa certa: “Vamos amar, não em palavra ou da boca pra fora, mas com ação e em verdade” (1 João 3.18). As Escrituras nos admoestam que falar sem agir é sem sentido, ou pior, hipocrisia: “Se um irmão ou uma irmã estiverem com falta de roupa e necessitando do alimento diário, e um de vocês lhes disser: ‘Vão em paz! Tratem de se aquecer e de se alimentar bem’, mas não lhes dão o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?” (Tiago 2.15-16). Quanto ao jejum, Deus diz, “Vocês não podem jejuar assim como fazem hoje e esperar que o clamor de vocês seja ouvido lá no alto. Seria este o tipo de jejum que escolhi, apenas um dia para que as pessoas se humilhem?” Humildade cerimonial não será o suficiente se quisermos que as nossas vozes sejam ouvidas nos céus. Ao invés disso, Deus diz, “Será que não é este o jejum que escolhi: que vocês quebrem as correntes da injustiça, desfaçam as ataduras da servidão, deixem livres os oprimidos e acabem com todo tipo de servidão?” (Isaías 58.4-6). Como irmãos e irmãs, agora é o momento de se unir em verdadeira oração. Verdadeiro jejum. Verdadeiro lamento. Verdadeira com-paixão. Verdadeiro amor.

A Black Clergy Caucus não fala por todos os pastores Luteranos Pretos; nós advogamos por eles. Eles têm a sua própria voz, seus próprios pensamentos, seus próprios ministérios. Nós não somos um grupo monolítico. Dentro da Igreja Luterana, nós temos uma diversidade maravilhosa de igrejas, pastores, diaconisas, e professores Luteranos Pretos. Conheça um deles. Ouça-os. O primeiro ato de amor é ouvir.

“Assim como o amor de Deus começa com o ouvir da sua Palavra, assim também o começo do amor pelos irmãos é aprender a ouví-los. É o amor de Deus por nós que faz com que Ele não apenas nos dê a sua Palavra mas também nos dê o Seu ouvido. Muitas pessoas estão procurando por um ouvido que irá ouvir elas. Elas não encontram isso entre cristãos porque estes cristãos estão falando onde eles deveriam estar ouvindo… Este é o início da morte da vida espiritual, e no final não resta nada além de tagarelice espiritual e desdenho clerical vestido de palavras piedosas. Alguém que não consegue ouvir longamente e pacientemente logo estará falando de forma irrelevante… Qualquer pessoa que pensa que o seu tempo é valioso demais para permanecer em silêncio eventualmente não terá tempo para Deus ou para seu irmão, mas apenas para si mesmo e suas próprias bobagens.”

Dietrich Bonhoeffer, Vida em Comunhão.

Eu encorajo você a ler mais, a aprender mais, a ouvir mais. A pastores e leigos Luteranos Pretos. A autores Pretos. A músicos Pretos. A empresários Pretos. A pessoas que você normalmente não lê, aprende, ou ouve. Com um coração que ouve a fim de entender. Tão frequentemente o que nos divide é um coração defensivo que nasceu do medo, da raiva, ou do orgulho. Mas como irmãos e irmãs em Cristo, Deus diz, “Eu lhes darei um coração novo e porei dentro de vocês um espírito novo. Tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne.” (Ezequiel 36.26). Este mundo é incapaz de resolver os problemas que nos molestam, mas Deus é capaz de fazer isso. Este mundo pode procurar nos dividir, mas Deus é capaz de nos dar a paz “que excede todo entendimento” (Filipenses 4.7).

Às nossas igrejas Luteranas Pretas, eu digo isto para vocês: Obrigado. Obrigado por ser o Corpo de Cristo no mundo. Obrigado por demonstrar hospitalidade mesmo quando hospitalidade não é demonstrada a vocês. Obrigado por sua perseverança, porque nós sabemos que “perseverança produz caráter, e caráter produz esperança, e esperança não nos desaponta, porque o amor de Deus tem sido derramado em nossos corações por meio do Espírito Santo” (Romanos 5.4-5). Obrigado por amarem os nossos filhos e filhas. Obrigado por lembrá-los quem e de quem eles são—que eles são de valor irrevogável para Deus. Eu encorajo você a falar com o seu pastor ou diácono/diaconisa. Ouça a eles. Ore por eles. Trabalhe com eles. Deixe a igreja ser a igreja, especialmente em tempos como estes. E deixe Deus ser Deus.

E aos pastores Pretos da nossa Igreja Luterana, eu digo isto para vocês: “O seu trabalho não é em vão.” Continue a cuidar da sua igreja local. Ore por ela. Lamente com ela. Ame-a. Você é o pastor que a sua igreja precisa. Não outro. Você é o pastor que esse Sínodo precisa. Sua presença e dedicação para continuar continuando é o que nós precisamos nesse momento. “Você é importante para mim; eu preciso que você sobreviva.” Vamos nos unir, agora mais do que nunca, enquanto nos lembramos das origens do Black Clergy Caucus e continuamos a “equipar os santos para o trabalho do ministério, para a construção do Corpo de Cristo.” Saiba que não importa o que esse mundo possa fazer ou trazer, a sua “alma foi ancorada no Senhor.”

“Há um bálsamo em Gileade para tornar o ferido completo;
Há um bálsamo em Gileade para curar a alma adoecida pelo pecado.

Às vezes eu me sinto desencorajado e penso que o meu trabalho é em vão,
Mas então o Espírito Santo revive novamente a minha alma.”
Espiritual Afro-Americana

Seu irmão em Cristo,

Rev. Warren Lattimore, Jr.
Pastor: St. Paul’s Lutheran Church – New Orleans, LA
Presidente: Black Clergy Caucus da Igreja Luterana, Inc.

Featured image: Black Clergy Caucus on Facebook.